Amigos da Alcateia

domingo, 29 de julho de 2012

Francisco de Assis

Nasci na Itália, numa pequena aldeia chamada Assis. Por isso me chamam Francisco de Assis.
Embora tenha nascido numa época bem diferente, fui parecido com alguns jovens de hoje.
Meu pai era um rico comerciante de tecidos e eu tinha tudo o que queria. Era mimado, estudava pouco e não fazia quase nada. Quando cresci fui para a guerra com meus amigos. Fui aprisionado e adoeci. Ali, na solidão, eu pensava que não havia feito nada de importante na vida e que era muito infeliz, mas quando consegui voltar a Assis comecei a me sentir melhor. Com as forças recuperadas percebi que estava mudado, como se alguém tivesse me dado olhos novos. Havia aprendido a ver as coisas bonitas que me cercavam. Via o sol, as flores, a lua, os pássaros, os mananciais. Tudo isso me entrava pelos olhos e me alegrava o coração. Então comecei a dar graças. Graças pela terra e pela vida. Graças pelas boas pessoas que me rodeavam. Graças a Deus. Também descobri que existiam pessoas muito pobres e que sofriam muito. Por isso me dediquei a ajudar a todos, com dinheiro e com alimentos.
 


Nessa época, muitas pessoas padeciam de uma enfermidade contagiosa, a lepra, que enchia o  corpo de feridas. Para proteger as pessoas sadias, os leprosos abandonavam suas casas e iam viver fora das cidades. Eu, que sentia horror e repugnância dessa doença, nem passava por perto.
Um dia escutei a voz de Deus que me pedia para amar cada vez mais a todos, inclusive àqueles a quem desprezava. Tudo se tornou claro... fui auxiliar a meus irmãos leprosos, consolando-os pelo muito que sofriam.
Assim, daqueles de quem eu sempre fugi, recebi o maior entre todos os presentes... Comecei a sentir uma paz e uma alegria verdadeiras.

Naquela época, rondava a cidade de Gúbio um lobo solitário, enorme e feroz, que devorava os animais domésticos e, algumas vezes, atacava até os homens. Todos o temiam e ninguém se arriscava a sair para o campo sem estar armado.
Um dia, resolvi sair ao encontro do lobo. Cheguei à sua gruta, acompanhado de alguns habitantes da aldeia. Logo o lobo apareceu em meu caminho, mostrando seus dentes afiados em uma atitude bem pouco amigável. Então eu lhe disse – Irmão lobo, eu te ordeno, em nome de Nosso Senhor, que não faças mal a mais ninguém, a partir de agora. O lobo se agachou aos meus pés, apoiou sua pata sobre minha mão estendida e começou a lambê-la, humildemente.
Caminhamos juntos em direção à praça central, onde contei a todos o acontecido, pedi a todos que perdoassem o lobo e que a partir daquele momento lhe dessem a comida necessária para que ele não passasse fome. E foi assim que o irmão lobo passou a entrar e sair pelos quintais das casas de Gúbio, sendo sempre bem recebido e alimentado.
Uma dessas coisas que os homens custam muito a entender e a praticar é a paz: viver em paz consigo mesmo, com seus irmãos e com a natureza.

Vou contar-lhe como ajudei a promover a paz entre os habitantes da cidade de Siena, que se dividiam em dois bandos que lutavam entre si e que não estavam dispostos a uma reconciliação. Falei sobre a importância da paz, que a violência torna os problemas mais graves e separa ainda mais as pessoas. Convidei a que se olhassem com amor, que se pusessem no lugar do outro e que buscassem, nos argumentos dos que consideravam seus inimigos, as razões que os levavam a pensar e agir assim.
Inicialmente, ninguém pareceu muito disposto a fazer o que eu pedia. Com palavras fortes, cada bando explicava por que o lado oposto estava errado. Mas eu e Mateus, ajudados pela certeza de que uma Força Divina nos enviara àquele lugar para fazer o nosso melhor possível, continuamos tentando cumprir nossa tarefa. Logo, os cidadãos de Siena começaram a se escutar mutuamente. Para nossa surpresa, mencionaram de forma respeitosa as suas queixas, descobriram que tinham pontos de vista em comum e que suas diferenças, embora continuassem existindo, não deveriam levá-los ao ódio. Como resultado do diálogo, voltaram a encontrar a concórdia.
Lembre-se sempre, de que trabalhamos pela paz quando respeitamos as outras pessoas, quando cuidamos das plantas, dos animais, do ar, da água, do lugar onde vivemos...
Você pode contribuir para fazer com que o mundo seja melhor, tratando com carinho seus amigos, pais, irmãos e companheiros; ouvindo aos demais, quando têm opiniões diferentes da sua, e respeitando a todos durante todo o tempo.
 
Por estas e muitas outras razões, Francisco veio a ser considerado um homem santo e é também o padroeiro dos ecologistas, dos Lobinhos e de todos aque­les que se dedicam a proteger a Natureza.
Ao longo dos tempos, muitos homens resolveram seguir o exemplo de Francisco de Assis e são conhecidos por «fransciscanos»! Todos eles decidiram viver na maior simplicidade, ajudando, com alegria, os pobres e os doentes e respeitando sempre a Natureza!

 
Louvado sejas, ó meu Senhor, com todas as Tuas criaturas, especialmente, meu Senhor, o irmão Sol, que faz o dia e nos dá a luz.
Francisco de Assis*

Este pequeno texto foi retirado de um belo poema de Francisco de Assis, chamado «Cântico ao Irmão Sol», no qual se pode ver o seu amor por Deus e pela Natureza.

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