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sexta-feira, 18 de maio de 2012

Os Lobinhos

“Saber que és um Lobinho”

Os Escoteiros pequenos, que não têm idade suficiente para se filiarem à Seção dos maiores se chamam Lobinhos. Por quê?
Pela singela razão de que um lobinho é um lobo pequeno. Se chamamos de Lobos aos Escoteiros, nada mais natural do que chamar de Lobinhos aos Escoteiros crianças.
Na América do Norte os índios pele-vermelhas formavam uma nação Escoteira. Cada membro da tribo deveria ser um autêntico Escoteiro. E eles nem percebiam o que eram!
Existia uma competição entre os jovens da tribo, valentes guerreiros, com o objetivo de ver quem era o melhor Escoteiro. Aquele que demonstrava sê-lo era apelidado de Lobo.
Havia lobos grises, lobos brancos, lobos vermelhos, lobos magros, etc…porém todos eram lobos. Este era, pois, um título de honra que significava um bom Escoteiro.
No outro extremo do mundo, na África do Sul, onde seus habitantes são completamente diferentes (negros selvagens em vez de índios pele-vermelha) também eram bons escoteiros e denominavam seus melhores de Escoteiros Lobos.
Um Escoteiro, como vocês sabem, é um jovem valente e corajoso, que de maneira voluntária vai até a morte, se necessário, para cumprir o seu dever; que sabe deslocar-se em terra estranha na luz do dia ou na escuridão da noite; que se basta a si mesmo; que sabe ascender seu próprio fogo e nele cozinhar seu próprio alimento; que pode seguir as pistas de animais e de homens; sem ser visto e que, ao mesmo tempo sabe ser obediente às ordens de seu chefe – até a morte.
Na África do Sul, a melhor das tribos eram os Zulus, seguidos dos Matebeles, dos Swagis, e dos Massai.Todos eram bons guerreiros e Escoteiros que haviam aprendido o Escotismo quando eram jovens.
Os jovens da tribos iam sempre aos campos de batalha para levar roupas e comidas aos guerreiros. Eles não combatiam, observavam de longe as batalhas, para aprender como se combatia e fazer o mesmo no devido tempo.
Os mais espertos dentre eles eram os lobinhos, futuros escoteiros lobos da tribo.

A Prova dos jovens Zulus
Antes de serem admitidos como Escoteiros e Guerreiros, eles deveriam passar por duras provas. Eis o que era preciso que fizessem:
Quando um jovem tinha a idade necessária para ser guerreiro, as roupas lês eram retiradas e seu corpo era todo pintado de branco. Davam-lhe um escudo para que se protegesse e uma pequena lança e o abandonavam na selva.
Qualquer Zulu que visse alguém nu com o corpo pintado de branco deveria caçá-lo e matá-lo. A pintura não podia ser lavada, levava um mês para sair naturalmente do corpo do jovem.
Durante um mês o jovem era obrigado a se esconder na selva e viver da melhor maneira que pudesse.
Tinha que seguir a pista dos veados, rastejar sem ser visto, até chegar ao alcance de sua pequena lança para matá-lo e obter, deste modo, alimento e roupas.Tinha que acender suas fogueira friccionando gravetos, pois não levava fósforos e nem tinha bolsos para guardá-los.Havia que ser cuidadoso para que o brilho de sua fogueira não atraísse aqueles que o caçavam.
Era necessário correr grandes distâncias, subir em árvores, e atravessar rios a nado para escapar de seus perseguidores. Era obrigado a ser valente para se defender dos leões e dos animais selvagens. Devia saber quais plantas eram comestíveis e quais eram venenosas. Fabricar seus utensílios de cozinha com casca de árvores e com barro. Construir sua própria cabana e mantê-la bem oculta.
Teria que ter cuidado para não deixar atrás de si nenhuma pista que pudesse ser seguida. Se roncasse durante o sono poderia ser descoberto por seus inimigos, portanto necessitava dormir sempre de boca fechada e respirar pelo nariz , sem fazer ruído.
Durante um mês se via obrigado a viver deste modo. Algumas vezes sob intenso calor em outras em meio ao frio e à chuva.
Com o fim da pintura branca podia retornar à sua vila e ser recebido com grande regozijo e ocupava seu lugar entre os guerreiros da tribo.
Então podia seguir sua carreira e chegar a ser, segundo sua bravura, um Ring-Kop, um guerreiro de verdade e usar um anel em torno da cabeça e continuar, deste modo, até receber o honrado título de Lobo.
Vocês já podem imaginar que muitos jovens que se sujeitava á esta prova não chegavam ao fim. Alguns eram devorados pelas feras, outros assassinados por homens, e muitos se afogavam ou morriam de fome ou de frio. Somente os melhores entre eles seguiam avante demonstrando que realmente eram homens.
Esta sim era um prova dura, não é verdade?

Cavaleiros
Na Idade Média os Cavaleiros eram nossos Escoteiros. Homens dispostos a morrer pela sua pátria, que haviam jurado ser bondosos com os anciãos, generosos e amáveis com as mulheres e com as crianças.
Eles também, como os Zulus, haviam aprendido seus deveres desde meninos. Haviam servido de pajens aos Cavaleiros, ajudando-os a vestir suas armaduras. Conforme cresciam e passavam a ser jovens, se convertiam em escudeiros. Aprendiam a montar cavalo, se exercitavam no uso das armas e, ao mesmo tempo, se instruíam nas leis da Cavalaria para se tornarem verdadeiros cavaleiros. Tinham que demonstrar que realmente conheciam seus deveres e eram aptos para a promoção, exatamente como os jovens guerreiros Zulus.
Como eu disse, isto foi em séculos passados. Agora, hoje em dia, muitos jovens gostariam que os Cavaleiros ainda existissem para realizarem os mesmos feitos. E os menores gostariam de ser pajens e escudeiros.
Pois bem, os Cavaleiros existem em nossa época. Os homens que eu considero como os Cavaleiros de outrora são os Escoteiros do presente. São os Guardes de Fronteiras de nosso pais, a Polícia Florestal, os caçadores, os exploradores, os topógrafos, os soldados e os marinheiros e os missionários. Todos estes homens que vivem em lugares selvagens e que enfrentam perigos e duros trabalhos por causa deseu dever. Esses homens que passam por toda sorte de penalidades e que tomam cuidado de si mesmos vivem a altura de nomes de patriotas e heróis, por sua bravura, sua bondade e sua justiça em todas as partes do mundo. Estes são os Escoteiros de hoje, nossos Lobos.
Mas eles não poderiam cumprir seus deveres se não o tivessem aprendido desde meninos.

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